Frances Glessner Lee nasceu no dia 25 de março de 1878, numa família considerada conservadora, na cidade de Chicago. Sua educação se deu pelo que hoje chamamos de Homeschooling. Suas atividades estavam restritas àquelas consideradas de “menina”, como: bordado, costura e fazer miniaturas.
Uma vez que não lhe foi permitido ir para a faculdade, com 19 anos de idade, ela se casou e teve 3 filhos. Depois de dezesseis anos casada, ela se divorciou. Um tempo depois, tanto seu irmão quanto seus pais faleceram. Com o dinheiro herdado, foi até Harvard e ofereceu uma quantia imensa para que criassem, finalmente, um curso na área de medicina legal.
Seu interesse na área forense se deu através de sua amizade com George Burgess Magrath, médico e professor da Escola de Medicina de Harvard. Durante conversas com ele, Frances percebeu que havia grandes lacunas e carências metodológicas nos treinamentos de policiais nas análises e observações de cenas de crime.
Harvard sabiamente aceitou o financiamento, criando o departamento de Medicina Legal. O departamento foi chefiado por seu amigo George, e, após a sua morte, pela própria Frances, que ao longo dos anos se tornou a melhor especialista na área.
Não satisfeita, Lee também fundou a Harvard Associates in Police Science (HAPS) e organizou seminários e dioramas, que contavam histórias complexas de homicídios, suicídios e mortes acidentais, para policiais e médicos, a fim de melhorar protocolos de coleta, avaliação de provas e análise de cenas de crime.
Frances no Seminário de Homicídios de Harvard, em 1952. Era a única mulher do seminário.
Em 1943, com 55 anos de idade, Frances G. Lee foi nomeada a primeira capitã da polícia feminina dos Estados Unidos. Na Figura 1, é possível observar que Lee é a única mulher num dos seminários oferecidos pela Universidade de Harvard.
Infelizmente, depois de sua morte, em 1962, aos 84 anos, a Universidade de Harvard fechou o departamento, desfazendo-se dos materiais didáticos. Tudo indica que Harvard apenas tolerava a iniciativa de Lee por conta de sua contribuição financeira.
No entanto, um professor (NOME DO CARA), recuperou e restaurou a metodologia de Frances Lee, utilizando-a em materiais (dioramas) para treinamento policial. Devagar, o país inteiro adotou esta especialização, começando a formar verdadeiros médicos legais.
Por fim, é importante salientar que além do uso das atividades artísticas taxadas como femininas/domésticas, para fins acadêmicos, Frances G. Lee revelou um outro lado dos ambientes domésticos que deveriam ser analisados com mais cuidado por peritos policiais, isto é, casos de homicídio que antes eram identificados como suicídio ou acidente, podiam estar relacionados a violência doméstica e abusos dos maridos.
Fontes:
IDRIS, Ana. Frances Glessner Lee – A união entre Arte e Ciências Forenses. Ciência contra o crime. 25 de maio de 2020.
Disponível em: https://cienciacontraocrime.com/2020/05/25/frances-glessner-lee-a-uniao-entre-arte-e-ciencias-forenses/. Acesso em: 10 de maio de 2023.
Henry A. Christian. George Burgess Magrath (1870-1938). Proceedings of the American Academy of Arts and Sciences , Nov., 1940, Vol. 74, No. 6 (Nov., 1940), pp. 146-148
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