Elizabeth Blackwell nasceu em Bristol, na Inglaterra, em 3 de fevereiro de 1821. Aos 11 anos, ela e sua família emigraram para os Estados Unidos. Após a morte de seu pai, Elizabeth, com 17 anos na época, e suas irmãs, começaram a trabalhar como professoras para manter a família. Foi nesse cenário que ela fez amizade com alguns médicos e teve acesso às suas bibliotecas especializadas (Portal Pós, 2021).
Famosa por ser a primeira mulher a conseguir um diploma de medicina nos Estados Unidos, pouco se sabe da sua formação escolar anterior. De acordo com Nimura (2021), o pai de Elizabeth tentou garantir que as filhas tivessem a mesma educação que os filhos, algo atípico para o início do século XIX.
Uma matéria publicada em 1954, na Folha da Manhã, informa que o ingresso de Elizabeth foi recusado doze vezes na faculdade de medicina. Resistente e persistente, ela foi admitida, na tentativa de número treze, na turma de 1847 da Geneva Medical College, na zona rural de Nova York. Conta-se que sua admissão ocorreu devido à incredulidade do corpo docente e discente à candidatura de uma mulher, que tomaram o assunto como brincadeira. Mas, decisão tomada é decisão garantida.
Alguns textos informam que Elizabeth foi hostilizada muitas vezes durante o curso, pela comunidade acadêmica e pela população local:
Os professores mordiam os lábios e gente de bem da cidade virava o rosto quando se encontravam na rua com aquela “desavergonhada”, com aquela “criatura sem pudor” que pretendia iniciar-se como os homens nas realidades tão brutais da enfermidade e dos corpos humanos (FOLHA DA MANHÃ, 1954).
Nas aulas de anatomia, professores e alunos chegaram a pedir que Blackwell não assistisse a determinadas aulas, o que não aconteceu, pois ela se defendeu e participou das aulas. A ilustração abaixo, exemplifica um desses momentos, mostrando Elizabeth durante uma palestra, em 1847, lendo uma anotação de um colega, que havia caído em seu colo “sem querer”. Não iremos interpretar a imagem, que com certeza desejava mostrar o desconforto de Blackwell. Pensem e analisem, leitores e leitoras.
![Elizabeth-Blackwell3 Elizabeth-Blackwell3](https://cdc.uesc.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Elizabeth-Blackwell3-qxxxcwgqyitjjehifwvt7tdpeatqttsco7o90v4cm0.webp)
Depois de três anos de dedicação, Elizabeth Blackwell terminou o curso, mas não conseguiu praticar. A especialização em cirurgia não se realizou, pois nenhum hospital estadunidense a aceitou. A saída foi voltar para a Europa, onde permaneceu por dois anos.
Na França, seu diploma não foi aceito, mas lhe ofereceram a oportunidade de fazer um curso de parteira. Fez um estágio em uma maternidade pública, onde em um atendimento contraiu uma infecção e perdeu a visão de um olho. Posteriormente, mudou-se para Londres, conhecendo enfermarias de grandes hospitais e alguns nomes importantes da área da saúde, como Florence Nightingale. Munida de mais qualificação e prática, a Dra. Elizabeth Blackwell retornou aos Estados Unidos em 1851.
Lá, Elizabeth abriu sua clínica, que tinha como público alvo uma população de mulheres que não tinham acesso a qualquer forma de serviços de saúde. Conquistou esse público, ampliou sua base de atendimento e trabalhou com a ideia de prevenção, através de palestras e livros.
Mesmo havendo muito a explorar no atendimento às mulheres, a medicina da época, e o senso comum, encaravam a especialização no atendimento feminino de uma perspectiva abortista, ou seja, ilegal. Vale lembrar que uma das inspirações para Elizabeth tornar-se médica foi a doença e morte de uma amiga que poderia ter sido tratada de uma forma e com cuidados específicos para a mulher, sem os preconceitos e generalizações daquele período.
Sua clínica foi um importante espaço de residência médica para novas doutoras que seguiram carreira nesta área. Participando ativamente na formação de médicas e enfermeiras que atuaram no front da Guerra Civil Americana. Em 1868, com a ajuda de sua irmã, fundou a Women’s Medical College of the New York, onde lecionaram ginecologia e obstetrícia.
No dia 31 de maio de 1910, Elizabeth faleceu em casa, em Hastings, na Inglaterra. País em que também foi a primeira mulher a ser incluída no Registro Médico.
Fontes:
IGNOTOFSKY, Rachel. As cientistas: 50 mulheres que mudaram o mundo. São Paulo: Blutcher, 2017.
University of Bristol.s/d. Disponível em: https://www.bristol.ac.uk/blackwell/what-we-do/who-was-elizabeth-blackwell/. Acesso em: 30 de maio de 2023.
Equipe Blog Portal Pós. Elizabeth Blackwell: a primeira mulher a se formar em medicina. Blog Portal Pós. 24 de março de 2021. Disponível em: https://blog.portalpos.com.br/elizabeth-blackwell-a-primeira-mulher-a-se-formar-em-medicina/. Acesso em: 22 de junho de 2023.
Elizabeth Blackwell, a primeira médica. Folha da Manhã. 1954. Arquivo Online. Disponível em: http://almanaque.folha.uol.com.br/ci%EAncia_18jul1954.htm. Acesso em: 29 de junho de 2023.
NIMURA, Janice P. Elizabeth Blackwell: a pioneira que virou médica para provar que estava certa. History Extra. BBC, 2021. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-56967834. Acesso em: 29 de junho de 2023.
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