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Cecilia Payne-Gaposchkin e o Espectro Estelar

Cecilia Payne-Gaposchkin nasceu no dia 10 de maio de 1900, na cidade de Wendover, na Inglaterra. Aos dezesseis anos, foi convidada a se retirar do colégio devido a conflitos com a professora de Matemática. Em sua próxima escola, teve aulas de Física e noções de Astronomia com a professora Ivy Pendlebury. Encontrando um ambiente mais favorável ao ensino das ciências para mulheres (VIEIRA et al., 2021).

Cursou química e física na Universidade de Cambridge, mas não obteve um diploma oficial, já que naquela época as mulheres não tinham tal direito.  Além disso, embora tenha assistido a palestras sobre Astronomia, não pode frequentar as aulas dessa área, por questões de matrícula e de currículo. Mas, teve acesso a aulas de Física Avançada com Rutherford, em que era a única mulher na sala de aula. 

Seu apreço especial pela Astronomia, levou-a, em 1923, a fazer doutorado na Radcliffe College da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Durante sua pesquisa de doutorado, ela mostrou que a grande variação nas linhas de absorção estelar estava relacionada à variação de quantidades de ionização em diferentes temperaturas, e de diferentes elementos. Além disso, ela descobriu que as estrelas eram compostas majoritariamente de hidrogênio e hélio, contrariando o consenso da época, em que se acreditava que as estrelas possuíam uma composição semelhante à da Terra (HOSTI, 2021).

Fonte: Cortesia do Observatório de Harvard. (BBC News Mundo, 2019).

Neste mesmo período, Cecília trabalhou ao lado de outras mulheres como Annie Jump Cannon e Antonia Maury, entre outras pesquisadoras, que tiveram importante papel na área da espectrografia.  Segundo a BBC News Mundo (2019, p.1): “Entre 1885 e 1927, o Observatório de Harvard empregou cerca de 80 mulheres para estudar fotografias de estrelas feitas em chapas de vidro”.

Em 1925, sua tese de doutorado foi publicada em forma de livro, Stellar Atmospheres. Vale salientar que seu trabalho mudou a astronomia, ensinando os cientistas a melhor interpretar o espectro estelar. Apesar das grandes realizações, Cecília só recebeu o título de Astrônoma em 1938, antes disso, ela era reconhecida apenas como assistente técnica em Harvard. 

Em 1956, depois de muitas injustiças sexistas, ela foi finalmente nomeada professora em Harvard e, de 1956 a 1960, foi Presidente do Departamento de Astronomia da universidade. Apesar de ter se aposentado em 1966, continuou trabalhando no Smithsonian Astrophysical Observatory até 1979, ano da sua morte.

Durante toda a sua carreira seu salário era menor do que os colegas;  boa parte de sua vida, pesquisou sem ter a certeza de conseguir o reconhecimento oficial das instituições de ensino e pesquisa. O desencorajamento à continuidade nos estudos na área das Ciências permeou todos os estágios de sua vida escolar/acadêmica: da educação básica aos estudos da pós-graduação. Ainda sim, Cecília é responsável por descobertas incríveis e importantes para a Astronomia (VIEIRA et al. 2021).

Fontes:

BBC News Mundo. Cecilia Payne-Gaposchkin, a mulher que descobriu do que são feitas as estrelas. 15 de abril de 2019. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-47940149. Acesso em: 25 de maio de 2023.

IGNOTOFSKY, Rachel. As cientistas: 50 mulheres que mudaram o mundo. São Paulo: Blutcher, 2017.

VIEIRA, Patrese Coelho; MASSONI, Neusa Teresinha; ALVES-BRITO, Alan. O papel de Cecilia Payne na determinação da composição estelar. História da Física e Ciências Afins • Rev. Bras. Ensino Fís. 43 • 2021 • https://doi.org/10.1590/1806-9126-RBEF-2021-0028.

Brunno Pleffken Hosti. Quem foi Cecilia Payne-Gaposchkin?. Espaço-Tempo. 8 de março de 2021. Disponível em: https://www.espacotempo.com.br/quem-foi-cecilia-payne-gaposchkin/

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