O denominado “Combate Atômico” envolve diretamente os físicos teóricos americanos Julius Robert Oppenheimer, conhecido como o pai da bomba atômica, e Edward Teller, também conhecido como o pai da bomba de hidrogênio.
Julius Robert Oppenheimer, nasceu em 1904 em Nova Iorque, Estados Unidos. O físico passou a infância e adolescência aperfeiçoando seus estudos de matemática e as literaturas grega e francesa. Em 1925, ele se formou em química na Universidade de Harvard, enquanto em 1927 obteve seu doutorado na Universidade de Göttingen. Posteriormente, ocupou o cargo acadêmico de professor de física na Universidade da Califórnia em Berkeley e no Instituto de Tecnologia da Califórnia, onde fez grandes contribuições principalmente para o campo da física teórica, com ramificações para a mecânica quântica e física nuclear.
Já do outro lado está Edward Teller, um físico teórico que trabalhou para os Estados Unidos, mas nasceu na Hungria em 1908. O cientista se formou em engenharia química na Universidade de Karlsruhe e obteve seu doutorado em física sob a orientação de Werner Heisenberg, pai da mecânica quântica na Universidade de Leipzig e que mais tarde chefiou o projeto de bomba atômica nazista. Entre os anos de 1930 e 1934, ele foi orientado pelo físico italiano Enrico Fermi, famoso pelo desenvolvimento do primeiro reator nuclear. Sendo assim, no ano de 1935, Edward Teller foi recomendado por um amigo para um cargo de professor de física na Universidade de George Washington, onde trabalhou até 1941.
Desse modo, os dois físicos se conheceram em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, mais especificamente no Projeto Manhattan, criado pelo governo americano da época e com apoio do Reino Unido e Canadá, envolto em uma corrida contra o tempo e contra os nazistas, para assim alcançar a criação de uma bomba atômica. Este assunto é retratado de forma ampla através do filme Oppenheimer (2023), com direção de Christopher Nolan, e também da série Manhattan (2014). Inicialmente, a relação de ambos era caracterizada com a formalidade do trabalho, necessitando pontuar que Oppenheimer era o chefe atrás nas pesquisas da bomba atômica. Entretanto, a relação de coleguismo começou a dar errado quando Edward Teller descobriu que os átomos poderiam ser fundidos. Assim, surgem os dois tipos de bomba atômica, a bomba de fissão nuclear e a bomba de fusão nuclear.
A bomba de fissão, como indicado por sua denominação, utiliza a fissão nuclear que ocorre dentro de um compartimento adequado. Desse modo, o fenômeno ocorre quando se “quebra” o núcleo de um determinado átomo e isso faz gerar uma reação de cadeira que libera uma grande quantidade de energia, usando como exemplo as bombas de Hiroshima e Nagasaki.
O modelo de fusão nuclear, por sua vez, é muito mais complicado pois envolve a fusão dos núcleos atômicos, formando um novo átomo. Além disso, um exemplo que pode ser utilizado é o núcleo do sol, que transforma dois átomos de hidrogênio em um átomo de hélio. Desse modo, a energia liberada é a que chega até o planeta Terra. Assim sendo, Edward Teller, em conhecimento desse poderio, solicitou ao governo americano que as ideias de Oppenheimer fossem deixadas de lado e iniciassem a produção da Bomba H, uma vez que temia que os soviéticos partissem pro uso dela, mas J. Robert Oppenheimer era contrário a essa decisão. Portanto, essa obsessão fez Teller ignorar seu trabalho no projeto e chegou a divergir de forma completa do restante do grupo, o que ocasionou seu afastamento da equipe.
Após o bombardeamento de Hiroshima e Nagasaki, e posteriormente, o fim da Guerra, Oppenheimer desistiu de desenvolver armas nucleares, devido às consequências de sua criação. O cientista passou a pensar a energia nuclear para geração de energia urbana. E enquanto isso, durante a guerra fria, Teller seguiu com seu projeto de desenvolver a famigerada Bomba H, e passou a enxergar Oppenheimer, exageradamente, como um inimigo da nação norte-americana, uma vez que seu ex-colega de trabalho decidiu não produzir mais armas.
É necessário ressaltar que, devido a este “desinteresse” na bomba nuclear, Oppenheimer foi acusado formalmente pelo ex-chefe do Comitê Conjunto de Energia Atômica do Congresso dos EUA, William Borden, de que era um agente da União Soviética. E, devido a isso, um julgamento especial ocorreu em 1954, o qual decidiu que J. Robert Oppenheimer teria todas suas autorizações de segurança canceladas pela comissão de energia atômica dos Estados Unidos. Além disso, Teller foi a única figura, dentre os presentes, que testemunhou contra o antigo colega de trabalho, constantemente reafirmando que o nova-iorquino estava diretamente ligado aos Soviéticos, o que ocasionou diversas críticas pela comunidade científica.
Por fim, Oppenheimer se exilou nas ilhas virgens americanas e viveu até o final de sua vida por lá, junto com sua esposa e filha. Inclusive, foi diagnosticado com câncer na garganta pois tinha um grande hábito de fumar, além de que as condições de segurança durante o Projeto Manhattan não eram as melhores. Julius Robert Oppenheimer morreu em 1967, aos seus 63 anos. Enquanto isso, Edward Teller prosseguiu seus estudos e em sua missão pessoal de desenvolvimento militar. Devido a isso, na década de 1980, ele se tornou o grande impulsionador do Programa de Defesa Estratégica, conhecido por “guerra nas estrelas”, defendido pelo presidente Ronald Reagan. Além disso, teve uma longa vida, realizando diversos feitos pessoais e profissionais, além de ser prestigiado em diversas premiações, como no Prêmio Albert Einstein e o Prêmio Enrico Fermino. Aos 93 anos, depois de uma longa vida dedicada à física nuclear, ele faleceu na Califórnia, em 2003.
Fontes:
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MIRANDA, Júlia. Little Boy (Bomba Atômica). Grupo Escolar, ano desconhecido. Disponível em: https://www.grupoescolar.com/pesquisa/little-boy-bomba-atomica.html. Acesso em: 15 de agosto de 2024.
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