Gerty Cori nasceu em Praga, atual República Tcheca, em 1896, em uma rica família judia. Na época, seu nome era Gerty Theresa Radnitz. Até os 10 anos de idade recebeu uma educação domiciliar, que hoje chamamos de Homeshooling. Por conta das lacunas dessa educação domiciliar, teve dificuldades durante o seu início de graduação na universidade, os conhecimentos das áreas de latim, física, química e matemática tiveram que ser aprendidos rapidamente.
No início do século XX, as mulheres ainda eram desencorajadas a seguir carreira e desenvolver pesquisas na área das Ciências. O seu ingresso na faculdade de Medicina foi incentivado pelo tio, que era professor de pediatria. Foi neste mesmo ambiente que ela conheceu seu marido, Carl Cori. Após a formatura, o casal foi contratado para trabalhar em clínicas em Viena, na Áustria.
Por conta da instabilidade do cenário político e econômico da Europa depois da primeira guerra mundial (1914-1918), mais especificamente, a escassez de alimentos e o antissemitismo em Viena, Gerty e o marido foram forçados a buscar trabalho nos Estados Unidos (MIGUEL, BEDIN, 2020).
Carl conseguiu, em 1922, uma posição no State Institute for the Study of Malignant Diseases, posteriormente chamado de Roswell Park Memorial Institute em Buffalo, Nova York. Gerty não conseguiu trabalho, ficando mais seis meses em Viena. Depois desse período foi chamada para trabalhar no mesmo instituto que o marido, como patologista assistente.
Enquanto estavam em Roswell, o casal foi desencorajado a realizar trabalhos colaborativos, mas o fizeram de qualquer maneira, dedicando seus esforços a entender como a energia é produzida e transmitida no corpo humano. Especializados em bioquímica, eles começaram a estudar como o açúcar (glicose) é metabolizado.
O trabalho de Gerty e Carl sobre como o corpo utiliza a energia começou em Buffalo, Nova York. Eles descobriram como as células do corpo usam o açúcar para obter energia, ou seja, como nosso corpo utiliza as reações químicas para transformar carboidratos no tecido muscular em ácido láctico e, em seguida, ressintetizá-lo, no fígado. Esse processo é muito importante para manter a glicemia constante durante o período de elevada atividade física, ficando conhecido como Ciclo de Cori, em homenagem ao casal.
Após a descoberta, eles passaram a trabalhar em um laboratório próprio na Washington University School of Medicine, em Saint Louis, Missouri (se tornou um importante centro bioquímico). É importante destacar que, em 1931, as condições salariais e o status acadêmico de Gerty nesta universidade eram inferiores ao de seu marido, embora tivessem a mesma formação.
Gerty Cori e seu marido, Carl Cori no laboratório na Washington University School of Medicine, St. Louis, 1947. Becker Medical Library, Washington University School of Medicine.
![](https://cdc.uesc.br/wp-content/uploads/2019/10/Cori.jpg)
Gerty Cori só se tornou professora titular de Bioquímica em 1947, ano em que ela e Carl receberam o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina pela “descoberta do curso da conversão catalítica do glicogênio”.
Anos depois, apesar de ter ficado doente, com problemas na medula óssea, Gerty continuou a trabalhar no laboratório, muitas vezes carregada nos braços de seu marido. Gerty Cori morreu em 1957, com 61 anos.
Fontes
IGNOTOFSKY, Rachel. As cientistas: 50 mulheres que mudaram o mundo. São Paulo: Blutcher, 2017.
MIGUEL, Rene; BEDIN, Everton. Gerty Theresa Cori, Nobel de Fisiologia ou Medicina, 1947. Meninas e mulheres na Ciência- UFPR. Disponível em: https://meninasemulheresnascienciasufpr.blogspot.com/2020/09/gerty-theresa-cori-nobel-de-fisiologia.html. Acesso em: 22 de maio de 2023.
https://cfmedicine.nlm.nih.gov/physicians/biography_69.html. Acesso em:22 de maior de 2023. USA.GOV.Agora é que elas são: Gerty Cori. Museu Ciência e Vida. 2020. Disponível em: https://www.cecierj.edu.br/2020/06/17/agora-e-que-são-elas-gerty-cori /. Acesso em: 22 de maio de 2023
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